[Intro]
Versos ao verbo
[Verso 1 - DJ Jamaika]
Dos amigos que partiram, você se recorda?
Lembranças boas na cabeça, é foda
Quantos amigos e parentes até hoje choram
Sentindo a falta de um irmão de rocha, é
Alguns são dados como desaparecidos
Seus corpos encontrados, só que nunca vivos
Entre a vontade de viver e o medo de morrer
Pessoas se desesperam, não querem mais sofrer
Estão cansados da guerra, fogem das favelas
A sua vida já não é a mesma dentro dela
Agora faça as suas preces e começa a rezar
Acenda uma vela e peça para o seu santo protetor te ajudar
A sair dessa vida maldita
Que nunca mais tenha que colocar o dedo na ferida
Certo que para muitos isso não importa
A noite é escura, quebradas cabulosas
Onde irmãos de rocha se preparam, mete o dedo no gatilho
Honrar seu homicídio
É por viver na quebra' com bandidos
Mas alguns camaradas ainda sonham muito louco
Opala preto, quatro portas, rebaixado
Uma dona lá dentro, e fora seus chegados, véi
Quanto mais a gente pensa, menos se entende
Tu tá ligado que é foda de aceitar um irmão ausente
Asfalto, faroeste, muito sangue jorrado
Sobreviver é fazer parte da sorte e ser considerado
Eu sinto muita falta dos tempos mudados
Já morreu cliente, já morreu chegado
Mas uma coisa meu irmão, nós temos que aprender
É que no jogo da vida e da morte é matar ou então morrer
E é por isso e outras coisas mais
Chegados, descansem em paz
[Refrão]
Podem descansar em paz
Podem descansar em paz
Podem descansar em paz
Podem descansar em paz
Podem descansar em paz
Podem descansar em paz
[Ponte - DJ Jamaika]
Como se fosse uma profecia de todos os anos
Quantas pessoas, véi, são mortas por engano
Confundidas com bandidos mortos pela polícia
Rotina de vida de quem mora na vila
[Verso 2 - DJ Jamaika]
O silêncio da noite mostra a perfeição do medo
Quem morrer perante a ela pagarão seus erros
Chegados que se foram, descansem em paz
Tô ligado que uma vida não se paga a outra
Ao lado na quebrada tá rolando uma onda
Quinta a noite no colégio, foi assassinado
Onde alunos e professores estão ameaçados
Três tiros nas costas, lembranças antigas
De uma cidade inteira que vive no pesadelo
Onde pessoas choram e rezam, todas de joelhos
Nos olhos de uma mãe escorre uma lágrima sofrida
Vendo seu filho encontrado assassinado sem vida
Que policia e bandido, véi, trocam tiros
Ceilândia, Norte, Sul, P Sul
Chegados mortos ou vivos
Me amostre alguns sobreviventes e me aponte o culpado
Se é a porra da polícia ou então o nosso lado
E é por isso e outras coisas mais
Chegados descansem em paz (descansem em paz)
[Refrão]
Podem descansar em paz
Podem descansar em paz
Podem descansar em paz
Podem descansar em paz
Podem descansar em paz
Podem descansar em paz
[Saída - DJ Jamaika]
Irmão, pode descansar, só vamos lembrar
Da velha noite que tivemos antes
Relembrando as paradas a cada instante
Há sempre um momento para ser jogado
Setor P Sul, meu irmão, morro muito baixo
Ali de tiros e estocadas muito já morreram
A noite acaba sem valor e sem vida no relento
Sei que não tem sentido fazer parte dela no momento
Tantas loucuras e suicídios, assassinos livres
Pá, pá, não da mais, não
Versos, suborno, barão, voltar atrás, tem acordo com a paz, é
Quantos amigos, chegados, parentes
Já se foram com essa violência
Na máquina do Chico, de Jota Shell
Infelizmente, mais um irmão no céu